9.28.2013

Evento Linux 2013 - XI Encontro Nacional sobre Tecnologia Aberta


Dia 26 de Setembro de 2013, data marcada para o 11º Encontro Nacional sobre Tecnologia Aberta, local Lispolis (Pólo Tecnológico de Lisboa).
Após ter acordado as 5h da manhã, ter apanhado alpha onde passei 2 horas até chegar a Lisboa. Apanhar táxi e passar por todo aquele transito no centro de Lisboa, eram 8h43 e já se encontravam no Welcome Coffee cerca de 200 a 300 geeks à procura do balcão para obter a identificação do evento.
Nesses cerca de 300 geeks, podíamos encontrar um pouco de tudo para a área, mas principalmente dividíamos 50% para jovens estudantes e/ou trabalhadores que adoram Linux que estavam lá para saber os feitos do mesmo, e 50% para empresários ou pessoas com um nível de conhecimento Sénior no mundo OpenSource.
Já no anfiteatro o palco foi aberto por Eduardo Taborda, director geral da Syone, dando as boas vindas a todos os presentes e passando a palavra ao 1º convidado que seria Paulo Trezentos, responsável pela criação do Linux Caixa Mágica.

Paulo Trezentos (CTO na Caixa Mágica) mostrou que a cada dia que passa, a distância entre o Desktop e o Mobile diminui consideravelmente. Apresentando tabelas percentuais onde era bem visível o desenvolvimento do Linux em 10 anos, onde dobrou a percentagem de pessoas utilizadores de Linux (2.9%) (claro que nada comparado à Apple, onde a percentagem de utilizadores no mesmo período passou de 1.8% para 9.4% (resultados de 2010)). O próprio Paulo propôs uma aposta de um jantar a qualquer membro da plateia onde diz que em 2018 (apenas 5 anos) o Linux passaria dos seus 2.9% actuais para 50%, apesar de toda a plateia ter olhado para essa aposta como um sonho grandioso, acho que ninguém duvidou de que isso pode ou vai acontecer.

Depois de Paulo Trezentos, subiu ao palco Tristan Nitot, francês e fundador da Mozilla Europe. Mostrou sempre um espírito jovem, começando por pedir a toda a plateia para levantar uma mão e de seguida para baixar quem tinha o Mozilla Firefox instalado no seu Desktop. Aos 6 que não baixaram ele disse “You must have something wrong!”, o que criou um momento de risada na sua apresentação. Deu a conhecer o conceito do Firefox OS, onde indicava que eles criaram este sistema Mobile não para ser o número 3 (abaixo do Google Android e do Apple iOS) mas sim para fazer da Web o número 1. Tristan mostrou de uma maneira incrível o quanto acredita que a Web é o futuro e como para os programadores, o HTML5 era uma vantagem pois poderíamos programar uma aplicação e não a teriam de reescrever para outra plataforma. De alguma maneira mostrou-se desiludido com a Apple, afirmando que utilizadores da mesma não decidiam o que usar nos seus smartphones, pois a marca decidia por si. Dando o exemplo de que a Apple não tinha aceite o Firefox Browser para a plataforma iOS, mostrou que esse não era o conceito do Firefox OS, pois querem dar ao utilizador a liberdade do que irão usar e como usar sem qualquer restrições.

Sucedeu Raúl Oliveira ao palco (CEO da IP Brick Internacional) que foi uma das pessoas que mais me impressionou em todo o evento, pois apesar da sua longa apresentação, mostrou onde a IP Brick implementou soluções baseadas em OpenSource, mostrando exemplos de empresas de peso onde fizeram instalação de serviços, como Centrais Telefónicas, Servidor Exchange, Cloud, Backups, WebChar Messenger, CRM, domínios, entre muitas outras coisas. Na minha visão não se destacaram por conseguirem disponibilizar todos esses serviços, mas sim conseguirem numa única estrutura colocar todos esses serviços a funcionar, dando soluções aos clientes de como não ter quebras de serviços e manter o máximo da qualidade possível. Esta é uma empresa que se encontra neste momento nos 5 continentes e com uma fiabilidade bastante elevada em qualquer mercado.

Stéphane Dumond, foi a pessoa que entrou no palco para mostrar um caso de sucesso em França, onde este é o coordenador do maior projecto (Gendbuntu) de migração para OpenSource existente até ao momento. O projecto consiste na migração de 95 000 Desktops da Gendarmerie Nationale para tecnologia OpenSource (esta demorou 10 anos até estar concluída). Stéphane deu um exemplo de uma das fases que consistia no upgrade das máquinas para novas versões, onde o utilizador tinha tempo de o fazer, e falo-ia assim que se sentisse preparado para fazer. Quando vemos este tipo de estratégia pensamos logo que o upgrade nunca será feito devido ao comodismo que é criado, mas neste caso é completamente o contrário. Stéphane mostrou que em apenas 3 meses as 95 000 máquinas tinham sido actualizadas com sucesso pelos próprios utilizadores sem qualquer interversão de técnicos especializados. Foi apresentado também um gráfico onde mostrava que apenas 2% dos problemas foram criados pelo Sistema Operativo, 48 % que se auto-resolviam com actualizações e 50 % pelos utilizadores que os mesmos resolviam com facilidade. Stéphane disse que o primeiro passo para esta migração foi a mudança de Microsoft Office para OpenOffice.

De terras germânicas mais exactamente de Munique, veio Frank Siebert, responsável pela migração de 12 000 postos de trabalho para Linux na câmara municipal de Munique. Ao contrário de Stéphane Dumond, onde a mudança de MS Office para OpenOffice foi uma das chaves para o sucesso dessa mesma migração, para Frank, foi o primeiro entrave, as pessoas tinham receio da mudança, mas após ultrapassarem essa questão o caminho para o sucesso da mesma estava bem livre. Foram refeitos cerca de 20 000 ficheiros que estavam preparados para MS Office para ficarem compatíveis para OpenOffice, foi criada uma ferramenta baseada em JAVA para que ao se actualizar um ficheiro na plataforma, todos aqueles 12 000 postos tivessem um ficheiro actualizado sobre o qual deveriam de trabalhar. Este projecto iniciou-se em 2006, e que tal como indiquei era para 12 000 postos de trabalho, mas visto o sucesso desta migração, foi estendido a 15 000 postos de trabalho tendo terminado este ano (7 anos).

E como em Portugal também existem coisas boas, no palco desta vez apresentava-se André Vasconcelos (Presidência do Departamento de Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico de Lisboa), veio explicar o que anda a ser feito no nosso país neste momento. Este pela primeira vez em público anuncia que Portugal já poupou cerca 15 000 000 € pela escolha de tecnologias de código aberto. Pelo que percebi não existe nenhum plano tão ambicioso como em França ou Munique, mas como André disse existem incentivos, e dentro dos departamentos dos estado são obrigados a comparar software proprietário com o software livre, mas nada indica que sejam obrigados a tal mudança. André apresentou uma tabela com as mudanças que pretendiam efectuar, desde office, cliente de email, editor de imagem, entre outros, mas que para já o único que tinha sido alterado seria o cliente de email onde teriam optado por Zimbra.

Já da parte da tarde o conceito foi diferente do da manhã, pois seriam colocadas em palco pessoas que nos iriam apresentar aplicabilidade de opções de código aberto, mais concretamente, mostrar como ganhar com tecnologias de código aberto.

A primeira pessoa a entrar no palco foi Erik Brieva (gestor de promoção de produto, RED HAT) que veio mostrar como faziam a promoção dos seus produtos, e onde indicou que não estão totalmente dependentes dos seus revendedores, o que lhes permite ter algum controlo sobre o seu mercado. Apresentando um gráfico, Erik mostrou que 60% do seu mercado era indirecto (revendedores de produtos e serviços) e 40% era directo (desde venda pelo web-site RED HAT ou directamente ao cliente).
Após a saída de palco de Erik, foi a vez daqueles pelo qual muita gente da plateia aguardava, Chris Dressel (COO da Kwamecorp) e Kim Hansen (CTO da Kwamecorp). Estes trouxeram dois exemplares do Fairphone com o qual tive contacto com ambos (prototipo #17 e prototipo #28 com componente MediaTek) após o evento. Dos dois apenas Chris falou, mostrando as ideias por trás deste novo smartphone, sendo que está a ser desenvolvido na Europa e que será produzido na China. Muitas pessoas irão perguntar “Qual a diferença entre esse e outro telemóvel?”, e para essa pergunta existe uma resposta muito fácil de dar, a partir do web-site deste projecto conseguimos obter toda a informação sobre o mesmo, desde de onde vem cada componente até onde será a fábrica onde será fabricado. O objectivo será o uso de trabalho não-precário (garantindo que os trabalhadores envolvidos na sua produção terão um salário justo ao seu trabalho, e que as condições do local para o efeito sejam garantidas), obter os componentes de maneira a que não se use o mesmo que poderia acontecer na produção (exploração infantil), e ainda a adição de 25 € ao valor final do telemóvel para ajudas a instituições de caridade. O telemóvel está a ser vendido por 325 €. Chris indicou algo importante “Se não pudemos abrir o que compramos, o que compramos não é nosso”.

Para finalizar subiu ao palco José Soares da IP Brick para explicar uma das soluções da empresa ao qual chamam de Soluções VDI assentes em plataformas de virtualização. Essas soluções permitem num só máquina correr vários sistemas operativos tendo acessos aos ficheiros independentemente do SO em que estamos. A IP Brick usa RHEV (Red Hat Enterprise Virtualization) a qual identificam como uma plataforma segura e de confiança para quase todo o de servidor de serviços.

Para além de todo o evento tive contacto directo com o Paulo Trezentos, ao qual o questionei sobre a relação de a Caixa Mágica ter alterado de KDE para GNOME e qual seria o publico alvo, sendo que em Portugal não se dá grande importância a essa mesma distribuição de Linux. Quanto à resposta foi bastante vaga entre o “não ter um público algo” e o “é importante oferecer uma alternativa fiável”.
Tive contacto também com o Tristan Nitot, sobre o qual questionei sobre o porquê de o Mozilla Firefox não ter o sistema de sincronização do Google implementado. A resposta foi sem dúvida algo pelo qual ansiava ouvir “Nós não temos esse sistema porque o Google não encripta a informação dos utilizadores enquanto o nossos sistema sim. Para além disso estamos a preparar algo dentro desse género para que seja mais fácil a sincronização entre computadores seja muito mais fácil.”.


 Já no final do dia tive contacto com Chris Dressel e Kim Hansen, onde estive à conversa com Kim por mais de meia hora, onde o informei que existia algo no smartphone deles que não estaria correcto a nível de memória no telemóvel. Kim ficou bastante intrigado com essa questão, pedindo-me logo o meu endereço de email para que quando pudesse pesquisasse sobre esse assunto e entrasse em contacto comigo.
Categories:

0 comentários:

Enviar um comentário